Friday, March 11, 2005

O marido da cobra

Sérgio Vasconcelos, do Rio de Janeiro, pergunta: "À fêmea do sapo, todos sabemos, chama-se sapa. O nome da fêmea do tigre também é do público saber: tigresa. Mas como se chama o macho da cobra, professor?"

A clássica pergunta: "Como se chama o macho da cobra?". Bem: chama-se cobro, mas não pode ser confundido com o verbo cobrar conjugado à primeira pessoa do singular, no tempo presente e modo indicativo: [eu] cobro. Sugere o bom e velho Napoleão Mendes de Almeida que acrescentemos um apêndice frasal entre os devidos parênteses após fazermos este último uso do item lexical, como o fazia o famoso cobrador, gramático e escritor Pilson de Laura, ainda nos anos 30. Em mais de um de seus contos, quase todos envolvendo cobranças de aluguel de bens móveis e imóveis e de hipotecas, é comum lerem-se coisas como:

— O que faz aqui, senhor?
— Ora, cobro (não o marido da cobra) o aluguel.

— O que os senhores fazem da vida?
— Ela cobra aluguéis, eu cobro (não o marido da cobra) hipotecas.


Aproveito a oportunidade para atentar para outra comum bazófia que se faz dos nomes dos bichos: aqui e ali vê-se o nome do macho da aranha, aranho, sendo confundido com o verbo arranhar conjugado à primeira pessoa do singular, no tempo presente e modo indicativo: [eu] arranho. Este deslize pode ser evitado se atentarmos para o fato de que aranho tem uma letra a menos

1 comment:

Yury Veiga said...

Olá, tudo bem? Gostaria de fazer uma proposta para escrever em um blog. Aguardo contato: trocistas@trocistas.com
Abraço